domingo, 2 de dezembro de 2018

«Notícia» - Proteção Civil: Viseu pode ficar com quatro comandos operacionais

Os bombeiros do distrito de Viseu estão contra a nova lei orgânica da Proteção Civil, que foi aprovada no passado mês em Conselho de Ministros e que está agora em consulta junto da Liga dos Bombeiros Portugueses e da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Em declarações ao Jornal do Centro, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu, José Amaro Nunes, lamenta o facto do diploma não prever a criação de um comando nacional de corporações e que os operacionais não tenham um papel já definido na estrutura da Proteção Civil.
“Isto é, para nós, uma falta de respeito. É uma falta de consideração pelo papel importante que os bombeiros têm, sem os ouvir. Os bombeiros pugnaram sempre por ter um comando autónomo, respeitando a autonomia das corporações, com andamento próprio, e isso não acontece”, diz.
O responsável acrescenta que os bombeiros foram “postergados naquilo no que sempre foram as nossas exigências, porque nós temos um conceito de Proteção Civil que o Estado tem a função principal que deve ser apenas de coordenação e não de tutela”, lamentando ainda a falta de incentivos ao voluntariado.
Já o comandante dos Bombeiros de Moimenta da Beira, José Requeijo, fala num retrocesso, dando como exemplo o facto de os comandos operacionais terem de passar a funcionar de acordo com os territórios das comunidades intermunicipais (CIM). Os concelhos do distrito de Viseu fazem parte de quatro destas regiões (Viseu Dão Lafões, Tâmega e Sousa, Norte e Baixo Mondego). José Requeijo explica que a proposta do Governo prevê a criação de cinco comandos regionais e 23 sub-regionais de Proteção Civil, em vez dos atuais 18 comandos distritais.
“Estamos a falar de um acréscimo de dimensão, não só nos recursos humanos, mas também nos financeiros, para mais cinco comandos representando as CIMs, o que faz com que, pelas suas caraterísticas, os concelhos do distrito de Viseu vão pertencer às suas quatro CIMs”, detalha.
O também dirigente da Liga dos Bombeiros teme consequências negativas com esta reforma. “Isto vai dificultar o sistema operacional, o desenvolvimento das operações e das ocorrências porque vamos ter esta nova reorganização”, considera.
Por seu turno, o comandante dos Voluntários de Viseu, José Luís Teixeira, lamenta que a nova lei esqueça os bombeiros. Em protesto, o operacional defende mesmo que as corporações voluntárias deviam parar dois dias para chamar a atenção para a situação.
“Toda a gente esquece que nós somos a maior força da Proteção Civil. Não apreciamos a falta de respeito que o Estado tem para o voluntariado, porque nós somos quem resolve a maior parte dos problemas a nível nacional”, salienta.
As críticas mais duras vêm do comandante dos Bombeiros de Oliveira de Frades, Fernando Farreca, que espera que ainda seja possível reverter as mudanças. O operacional fala de um diploma feito na secretaria e acusa o Governo de ainda não ter compreendido que Portugal não é apenas Lisboa e Porto.
“São 18 distritos que têm uma identidade e cultura próprias. Não é com ideias de Lisboa, nem com Lisboa a criar autênticos tachos para os seus seguidores que vamos resolver o problema. Nestes casos, tem de se falar abertamente com as pessoas sobre o que querem para este setor”, afirma.
Questionado sobre a hipótese de os corpos de voluntários poderem ficar divididos, Fernando Farreca não esconde a sua preocupação. “Em termos operacionais, esta é uma ração que querem fazer. Só um iluminado é que pode pensar nessa ideia”, remata.
Fonte: jornaldocentro.pt

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