terça-feira, 28 de dezembro de 2010

«Arqueologia» - Breve descrição dos pelourinhos dos concelhos que hoje integram o de Moimenta da Beira












I. Remate do Pelourinho de Leomil
II. Remate do Pelourinho da Vila da Rua


Pelourinho de Castelo:Provavelmente um pelourinho de coluço. Sobre um soco de dois degraus quadrangulares, lisos, encontrando-se o primeiro semi-enterrado no solo. O fuste é prismático, de talhe irregular e de secção quadrada, estreitando-se em direcção ao topo. Com cerca de 2 m de altura, é prolongado por uma peça em cubo, sobre o qual assenta outro paralelipípedo, o qual possui uma inscrição com a data de 1669. Na face Norte da mesma possui um relevo toral, ilegível. Época de construção: séculos XVI/XVII (conjectural).
Pelourinho de Leomil:Pelourinho de gaiola. Monumento elegante e imponente assente num soco octogonal de quatro degraus protegido por quatro frades de pedra. O fuste, de base quadrangular, evolui para um perfil octogonal. O remate é em gaiola (imagem I), sobre ábaco oitavado, com oito colunelos cilíndricos. A cobertura é em cúpula poligonal oitavada com esfera armilar, tipicamente manuelina, com haste de ferro cravada. Época de construção: século XVI.
Pelourinho de Paçô:Pelourinho de coluço do tipo heráldico. De expressão simples, caracteriza-se por uma plataforma
quadrangular assente directamente num penedo. O fuste é monolítico, liso sem base, de secção quadrada. O remate é em mesa, com moldura quadrangular, saliente, com quatro colunelos cilíndricos adossados concluídos por uma pequena esfera. Na face Sudeste do remate possui um emblema em relevo, quase ilegível, composto por cinco quinas. Época de construção: século XV (presumível).
Pelourinho da Vila da Rua:Pelourinho de tabuleiro. Artisticamente um dos mais belos e dos mais originais da Beira Alta. Ergue-se num elevado maciço de seis degraus oitavados. O fuste também é octogonal, apresentando a meia altura vestígios de três orifícios para fixação de ferros de sujeição. O capitel é quadrangular historiado com quatro cabeças coroadas cantonais e quatro rosetas nas faces. Na base do remate (imagem II), elevam-se quatro pináculos em pirâmide de três registos de decoração, com pequenas esferas e duplos listeis salientes, rematados por florões. Ao centro possui outro pináculo decorado com quatro figuras aladas sobrepostas, escalonadas. Época de construção: século XVI.
Pelourinho de Sever:Pelourinho de coluço do tipo heráldico. Semelhante ao de Paçô na simplicidade, caracteriza-se por uma plataforma de dois degraus quadrangulares em esquadria, escalonados, de onde se ergue um fuste oitavado, liso, transformado superiormente em quadrado. Termina em prisma quadrangular com quatro colunelos cilíndricos cantonais, adossados, sobre tripla moldura em forma de mesa. O cubo é encimado por uma pequena esfera e na face Este, em relevo, cinco escudetes desprovidos das quinas. Época de construção: séculos XVII/XVIII (conjectural).
Pelourinho de Moimenta da Beira:Segundo o Padre Andrade, o pelourinho, entretanto desmantelado, erguia-se: “Em frente á casa da nobre família Guedes...” [1] . De acordo com uma reconstituição esboçada pelo Monsenhor Bento da Guia [2] , com base na junção de algumas pedras que foram aproveitadas para diversos fins e que a tradição oral apontou como pertencentes ao antigo monumento, tratar-se-ia de um pelourinho simples, de tipo bola, composto por um fuste liso assente num soco circular de dois degraus.
Pelourinhos de Nagosa e Pêra-Peva:Até ao momento desconhecem-se as suas características.

O pelourinho da Vila da Rua é classificado Monumento Nacional (o único deste concelho) desde 31 de Dezembro de 1915. Os pelourinhos de Castelo, Leomil, Paçô e Sever são classificados Imóveis de Interesse Público desde 11 de Outubro de 1933 [3] .

[1]ANDRADE, António F. de - Descripção e Historia do Concelho de Moimenta da Beira. Viseu: Tipografia do Jornal da Beira, 1926, p.78.
[2]GUIA, António Bento da – Foral e Pelourinho de Moimenta da Beira. Viseu: Eden Gráfico, S.A., 2002.
[3]Fonte: http://www.ippar.pt/
Autor: José Carlos Santos

3 comentários:

Jaime Gouveia disse...

Além da descrição é importante a crítica (técnica e científica) do que aqueles que não sendo historiadores, escreveram. É o caso dos padres citados. Estranho, mesmo muito, a não menção ao livro publicado pela autarquia em 2009 precisamente sobre os pelourinhos do concelho, a publicação mais recente sobre a matéria que tive o prazer de oferecer ao autor. É como fazer um artigo sobre as pontes rumo ao Douro e não citar, considerar ou mostrar conhecer o livro do arqueólogo José Carlos.
Votos de umas boas entradas em 2011.

José Carlos Santos disse...

Na minha opinião, essa observação não é lógica, ainda que à primeira vista o possa parecer para alguém. Depende do ponto de vista de cada um!
No entanto, eu explico porque não mencionei a referida obra. Muito simples: o artigo em questão foi elaborado muito antes do livro publicado (em 2009) pela Câmara Municipal (para quem ainda não sabe, eu faço investigação arqueológica nesta região desde 2002, e este artigo baseou-se em fontes bibliográficas anteriores a 2002 (por exemplo o site do IPPAR, etc. ); por outro lado, devido ao conteúdo do mesmo, intencionalmente apenas descritivo, não encontrei, na data em que decidi publicá-lo, motivos para o alterar.
Por fim, queria só acrescentar que este artigo “não se fecha a si próprio”, isto porque o seu conteúdo pode servir de pretexto para outros artigos. Curiosamente, a esse respeito, estou a elaborar outros artigos sobre os pelourinhos deste concelho para publicar futuramente e aí já se justifica a consulta da referida obra.
Votos de um Bom Ano para todos!

Anónimo disse...

Si, probabilmente lo e