terça-feira, 27 de janeiro de 2009

«Crónica-Arqueologia» - Achados romanos na freguesia de Rua

Um bloco de granito incrustado na fachada principal da Capela do Espírito Santo (em Vide, freguesia de Rua), cujo conteúdo, de leitura particularmente fácil e corrente, pressupõe que seja uma epígrafe honorífica ou monumental, datável da época romana.
Sendo uma inscrição honorífica, destinar-se-ia a um lugar público, colocada habitualmente num pedestal ou num cipo, em homenagem a alguém.
Como inscrição monumental, poderia constituir parte integrante de um marco miliário ou destinar-se-ia a figurar num monumento. No entanto, poderá ser simultaneamente honorífica e monumental.
Este bloco foi reaproveitado na construção da capela e mede cerca de 0,42m de altura e 0,50m de largura. Não é possível saber a espessura.
O campo epigráfico apresenta aproximadamente 0,30m de altura e 0,44m de largura.

BONO REI
PVBLICE
NATO


A expressão latina Bono Rei Publice Nato pode traduzir-se: Nascido para o bem da República (ou) Ao nascido para o bem do Estado.
O campo epigráfico ocupa toda a face do bloco e é limitado, em cima e em baixo, por uma moldura. Encontra-se dividido em três linhas e alinhado à esquerda. A leitura é corrente, não contendo siglas.
Esta fórmula pode apresentar-se também sob as seguintes formas: B.R.P.N (bono rei publicae natus); B.N.R.P.N (bono natus rei publicae nostrae); BONO R.P.NATO (bono rei publicae nato), etc.
De salientar que o bloco poderá estar associado ao sítio arqueológico da Arrochela (ou Rochela), ou como parte integrante de um marco miliário colocado junto de uma via, ou colocado num pedestal ou num cipo, em homenagem a alguém.
A Arrochela ocupa os lugares de Vide e de Granja dos Oleiros (freguesia de Rua). Trata-se de uma área romanizada (desde os primeiros séculos do Iº milénio d. C.), onde é possível identificar inúmeros fragmentos de cerâmica de construção à superfície – tegulae e imbrices (telhas romanas). Para além destes materiais, na sequência dos trabalhos agrícolas, tem-se registado também o aparecimento de fragmentos de cerâmica de uso doméstico, pesos de tear, mós, epígrafes, moedas, objectos de ferro e bronze.

Autor: José Carlos Santos

4 comentários:

João PM Dias disse...

Bem-vindo José Carlos Santos.


Este foi um bom tema! Grande trabalho.

abraço,
joaomd

Hugo Santos disse...

Bom Post.
Gostei, Parabéns.

Abraço

José Carlos Gomes disse...

Não comento o post porque sou ignorante na matéria mas pergunto em que concelho foste tu publicar o livro por não teres apoio na edilidade moimentense? Será por teres cor partidária diferente?

José Carlos Santos disse...

Em resposta ao José Carlos Gomes, pedi apoio ao poder local, naturalmente, não só por ser moimentense, mas também por esse trabalho contribuir para o desenvolvimento turístico da nossa região. No entanto, a publicação acabou por resultar em 2005, inesperadamente, de uma parceria com a Trasald (cooperativa de autores e criativos transmontanos e alto durienses), com sede no Porto, pela mão do respeitável Monsenhor Bento da Guia, a quem agradeço muito. Independentemente do motivo que não permitiu a publicação e a apresentação local do meu livro, lamenta-se sobretudo o facto do nosso poder local não valorizar o que é nosso. Um abraço. José Carlos Santos